PORTEIRA NO AGRESTE
Havia uma fazenda no agreste,
Onde o Sol era sempre inclemente,
Com riachos que vinham do oeste,
E um lobo guará sorria pra gente.
Vindo da roça havia uma porteira,
Pois tinha um cercado pro gado,
Separado dos plantios pra feira,
Pois as leiras pediam cuidado.
Certa época do ano era de chuva,
E a ferrugem travava dobradiças,
A marcar como um choro de viúva,
Cada entrada brejosa e alagadiça.
Eu ficava sentado na porteira,
Juntamente ao galo dos ventos,
Tendo ao lado um porta bandeira,
Que anunciava a todos eventos.
Naquela fazenda, no meio do nada,
Cada data ou batizado era festa,
Pois a vizinhança logo chegava,
Se a chuva cumpria a promessa.
A alegria era com o povo junto,
E as crianças brincando de roda,
Com as esteiras feitas de junco,
Onde todos sentavam pra prosa.