NÃO CRER NO OURO
Haverá sempre novos tempos,
Onde tudo nos pede a razão,
E as noções vão aos ventos,
Quando tudo é só contramão.
A noção de cidadão se acaba,
Pois os homens se degeneram,
Acham que a razão é o Nakba,
Mas não vêem o que veneram.
Crer em Deus é não crer no ouro,
E viver para o eterno é não ter,
Desde que a riqueza não é louro,
Mas o ganancioso não vai saber.
Vão achar que saúde é dinheiro,
Vão querer a riqueza que ilude,
Mas vão ver um câncer ligeiro,
Lhes dizer sobre a vida amiúde.
O caixão quer a todos um dia,
Só não vai quem se for cremado,
Ou enterrado numa vala baldia,
Pois ainda há povos malvados.
Uns se acham eleitos por Deus,
E os juízes adoram essa certeza,
Se o ladrão é de um povo caldeu,
Que ainda mata fingindo nobreza.
Ai quem diga que não têm razão,
Que teimam nos fuzilar sorrindo,
Ao baterem na porta após a ação,
Na certeza de alguém morrendo.
Todos sabem de certas histórias,
Desde a Fenícia e até o Egito,
Como tivemos a guerra de Tróia,
E a violência de modo explícito.
Não só caudeus brigam entre si,
E dão desculpas de um pai Abraão,
Mas eu sei que mentira é assim,
E, se acreditam, só eu sou pagão.