PROFUNDO E POÉTICO
Encontrei um lago profundo,
Era tarde e ali era escuro,
E eu mirei o céu do mundo,
Para ver um morcego no muro.
De cabeça pra baixo ele estava,
E me olhava com asas fechadas,
Nada disse e assim descansava,
Dos seus vôos na velha Chapada.
Foi lá fora que vi a lua cheia,
Pois assim é o ciclo do mundo,
Quando só um satélite margeia,
Mas não pense ser um absurdo.
Cá de dentro, me volto pra água,
E vejo tudo do fundo do lago,
Pois o luar escorre uma lágrima,
Pra dizer que ainda é magico.
Vejo peixes e até os crustáceos,
Mas não entendo, por nunca nadar,
Sei apenas que já fomos cetáceos,
Ou algum bicho a lhes imitar.
Esse lago é mesmo profundo,
Onde as arcas afundam no mar,
Pois o lago não é desse mundo,
Como botos, sereias e Hagar.
Tão terrível, Hagar serviu Elga,
E se mostrou no hilário folhetim,
Toda semana, na banca da selva,
Onde as praças eram os jardins.
Essa é a vida em modo poético,
Nos meandros dos rios eternos,
Com sonhos às vezes heréticos,
Mergulhando até em cadernos.