SEM FIM, SEM COMEÇO
O Universo é sem fim e sem começo,
Porque ele existe sem nossa lógica,
Como a régua tem a forma que meço,
Mas não diz o valor quando molda.
Fomos nós que inventamos os anos,
Mesmo que a regra seja translação,
Fomos nós que inventamos os anjos,
Como jeito de crer numa religião.
Inventamos natais e dias de santo,
Temos festivais e assim o carnaval,
Nos cobrimos no frio com um manto,
Mas queremos ser donos do local.
Seria normal migrarmos às vezes,
Desde a terra exaurida de húmus,
E assim seríamos sempre fregueses,
Em busca de novo recanto ou rumo.
Temos etnias devido ao passado,
Pelo comportamento social do clã,
De acordo com o clima encontrado,
Que moldam atitudes em cada manhã.
Só que há certos pontos conexos,
Donde o futuro está no presente,
Como o passado diz sobre gestos,
Que moldam o que hoje é a gente.
Mas ainda há ganância gratuita,
Desde a consciência da brevidade,
Que nos cobra ser mais que fruta,
Pois não basta ter para saudade.