DIAS QUE LEMBRO
Creiam, mas estou tão cansado,
Que já não caminho com fôlego,
Como na vitalidade do passado,
Em uma trilha envolta em fogo.
Eu me lembro subir nos telhados,
Ir balançando pelos galhos altos,
Sair no escuro com olhos fechados,
Ou ver fantasmas em sobressaltos.
Quando a tv mostrava um suspense,
Ou mesmo aquele filme de terror,
Eu não dormia e me sentia ausente,
E até achava que tudo era horror.
Mas haviam os dias de felicidade,
Junto aos amigos e só brincadeiras,
Com as estrelas sobre a cidade,
E os cometas como carpideiras.
Pesadelos com bichos e duendes,
Nos fazia pensar em quem ama,
Mas não era por estarem ausentes,
Só que no sonho caía da cama.
Só as manhãs traziam aconchego,
Pois a escuridão assim acabava,
E os fantasmas fugiam com medo,
Dando lugar aos anjos e fadas.
Chegaram os dias da maturidade,
Mas também vieram seus carmas,
E as estradas regavam a saudade,
Duma infância crivada de balas.
Eram balas em filmes medonhos,
Misturando arte com o cinema,
Entre choros e dias risonhos,
Mas ser um adulto é problema.