NOS TIRAM AS CHUVAS
Nas últimas décadas que me lembro,
Chovia fielmente em certo período,
Cada ciclo de águas era um evento,
Com a florada do umbu incluído.
Nesse momento seco da história,
Com o "el nino" dando as cartas,
Meu nordeste sofre certas "jóias",
Que nos tiram as chuvas fartas.
Esse ano o araçá está miúdo,
E falta água até para o gado,
Novamente há mortes e o luto,
Quando some um rio no Crato.
O lar do sertanejo está desnudo,
Desertificando o que já é peco,
Só tendo políticos que esconjuro,
Que tocam a lira pro gado seco.
Como seria o Brasil sem Nordeste,
Ou sem Amazônia, Cerrado e Pampa?,
O que nasceria nas praias do leste,
Sem mata atlântica e as montanhas?
Por isso, é preciso cuidar de tudo,
Pois um corpo não é feito sozinho,
Precisa união e o dispor resoluto,
Quando nasce no cocho ou no linho.
Nossa vitalidade é modo perene,
Que existe porque tem seu mar,
Tem um solo que nunca treme,
Sem vulcão, terremoto ou sei lá.
E, melhor que ouro e esmeralda,
É ter clima pra colher e plantar,
Conviver com a melhor bicharada,
Sombra e fruta, com sol e luar.