ELE SE FEZ
Ele corria para não morrer,
Mas seu algoz era impiedoso,
E já não podia se esconder,
Ante o fuzil do cão raivoso.
Andar por léguas no deserto,
Ou entre as ruas e a favela,
Sem água e pão, é tão incerto,
Que não há prato e nem gamela.
Só há escombros de cada bomba,
E a covardia de maus soldados,
Que têm uma doutrina que zomba,
Do fraco, humilde e lacerado.
É um genocídio matar a todos,
Se já não podem se defender,
Usando mísseis e até esgotos,
Como se Deus fosse agradecer.
Mas Deus só liga para bondade,
E deixa o diabo ter o contrário,
Se pra zelar pela tua liberdade,
Nos vem de Belém seu Comissário.
Não chamem a Cristo de Judeu,
Pois ele não é filho do homem,
Apenas teve um corpo de plebeu,
Pois ouro e prata ninguém come.
Ele se fez de pão e o vinho,
Para demonstrar que é alimento,
Desde que a vida seja espinho,
Mas vamos ceifar até o vento.
Se o mar se acalma pelo verbo,
E o manco é curado pela fé,
Só faça o que leve ao eterno,
E não pregue algo que não é.
Sejais tolerante ante o irmão,
E feche seus olhos para orar,
Não afirme com palavras em vão,
Julgando ser Deus em seu lugar.
Pois todos são filhos, não hebreus,
E esse mundo é apenas todo lugar,
Não há terra prometida por Deus,
Além desse planeta Terra a girar.
Então, parem com as guerras agora,
Seja na Palestina ou qualquer lugar,
E não aceite que lhe botem pra fora,
Pois quando tu nasce não sabe andar.