LISTAS E VICISSITUDES
Nossa imaginação nos permite sonhar,
Mesmo quando vêm nossas vicissitudes,
Mas as minhas listas eu vou editar,
Diante de tanto desprezo e ilicitudes.
Fiz uma lista de quem vi trabalhar,
Seja em comércio, estrada ou escolas,
Fui tentar esquecer ou me lembrar,
Se conflito opulência e esmolas.
Na primeira lista guardei a família,
E, na segunda, os amigos do convívio,
Na terceira, pareceu ser quadrilha,
Mas, foram somente as dores ao vivo.
Na última lista estive a caminhar,
Trabalhando em prol do sustento,
Ou andando por trilhas sem mar,
Ao saber que um tiro é intento.
Aprendi sobre as guerras e armas,
Pois eu li sobre elas nos livros,
Mas não foram exemplos pras almas,
Desde quando na paz sobrevivo.
Sob as guerras eu morro às vezes,
E as balas transpassam meu corpo,
Como astúcias de alguns fregueses,
Que achavam melhor eu ser morto.
Mas ainda estou vivo e presente,
Até quando a vida quiser me ter,
Pois se eu puder ser uma semente,
Vou também adubar pra crescer.
Mas são tantas as vicissitudes,
Que já fui até Plutão e voltei,
Deparei com nebulosas atitudes,
E sofri meu calvário com a lei.
Sei apenas que só há uma lei,
Que se pauta no amor sem um preço,
Pois o mestre é melhor que o rei,
E só ele me diz qual endereço.
Sei que um dia não terei esse corpo,
Nem o direito a ter mais um amigo,
Se não sei estar vivo ou morto,
Pois sou linha de um breve artigo.
Digo a todos que se acham fortes,
Canivete corta fumo e não espirra,
Mas ele corta com a mão da morte,
Pois no fim tudo apenas é birra.