SEM ENXERGAR
A luz nunca para ou dorme,
E percorre tudo a seu jeito,
Mas sou cego e o caos é enorme,
Onde alguns de nós têm medo.
Estar de olhos abertos sem enxergar,
Me faz refletir o porquê de existir,
Pois a minha cultura vai lhes editar,
Mas ainda é preciso saber onde ir.
Se já sei o resultado de fome e sede,
Porque teimo em não repartir o pão?
Se eu sei como é pescar de rede,
Então, sei o que posso ter às mãos.
Se eu caço, alguém diz ser errado,
Mas, caçar só é errado no esporte,
Pois, com fome, caçar não é pecado,
Mas eu não devo celebrar a morte.
Nesse mundo, tudo é muito carnal,
Porque Tomé se esqueceu das almas,
Quis tocar e ver de modo animal,
Pois ele não sabe sobre as fadas.
Falam da guerra, como fosse a festa,
Mas é fácil, quando não está presente,
Pois quem as vence nunca dá a testa,
Nem se suja com meu sangue inocente.
Já fui morto por diversas vezes,
Entre guerras e vãs escaramuças,
Pelo trabalho, com gente ou reses,
E sendo poeta, só tu me assustas!
Espero ansioso pela morte de Ares,
Como também deponho contra Saturno,
E, por isso, Zeus está nos altares,
A pedir que nós saibamos de tudo.
Toda guerra tem motivos escusos,
Pois seria bem mais fácil ter paz,
E a paz é para nós como os frutos,
Mas os tiranos querem muito mais.