SOB A PAZ ISENTA DE APELOS
A labuta da vida deixa escaras,
Com as cicatrizes que não esqueço,
Mesmo quando o perdão dá as caras,
Mas não vou esquecer, eu confesso!
Cada ato de tortura tem um preço,
Que é algo do qual nem discuto,
Mas quem bate esquece do apreço,
Que não mais lhe devota o justo.
Quem sofre o desprezo não esquece,
Mesmo quando oramos por sanidade,
Pois a sede e fome de quem perece,
Traz junto a morte, como verdade.
Hoje, ao vivo, temos genocídios,
Em cada espaço e lares do mundo,
Pois se jogam como esgoto nos vícios,
Para celebrarem sujeitos imundos .
Temos um planeta dessa dimensão,
Onde o que era longe, hoje é perto,
Aprendemos a viajar até de avião,
Mas ainda não há humanos libertos.
Somos prisioneiros de nossa ironia,
Querendo dizer sermos donos de tudo,
Mas tudo é algo que me dá agonia,
Pois esse desejo é o mais absurdo.
Eu sou a sensatez de saber que morro,
Que meu pensamento é finito e divaga,
Eu sou lucidez, mesmo acima do morro,
Mas, até o meu touro às vezes empaca.
Os tolos se juntam até com belzebu,
E vestem as máscaras de serem bons,
Mas sempre haverão novos Netanyahus,
Gerando as mortes, comendo bombons.
Então, espero acordar desse sonho,
Que é tão medonho ou um pesadelo,
Em um mundo que não seja bisonho,
Mas, sob a paz isenta de apelos.