FRENTE AO TEMPO QUERO ESQUECER
Os hominídeos são irrequietos,
Ou se perdem querendo de tudo,
E os que andam em solos incertos,
Muitas vezes se vestem de luto.
Talvez sejam linhas que embaraçam,
E nos embaçam sob olhares fracos,
Pois não somos as águias na caça,
Ou só voamos distintos dos patos.
As aves que voam usam os corpos,
Pois só em pleno voo são livres,
Já homens dependem de aeroportos,
Para roubar e matar os ourives.
Da pista de vôo vem a dependência,
E os homens se drogam nas guerras,
Usam ópio e ecstasy com inocência,
E retornam doentes às suas terras.
O mundo tem a droga como remédio,
Mas eles não curam, só tripudiam,
Enganam corpos e não sara o tédio,
Pois o suicídio eles nunca adiam.
Estamos senis frente ao tempo,
Por não entendermos nossa Terra,
E não vamos gozar do seu vento,
Pois o nosso evento já se encerra.
Parece que nossa hora é chegada,
Frente a um meteoro em deboche,
Onde talvez não sobre mais nada,
Além das fagulhas de um broche.
Quem tem na lapela as medalhas,
Precisa entender sobre o mote,
Pois elas decoram as jornadas,
Até quando é féretro e má sorte.
Eu só quero esquecer a saudade,
E deitar como num último cochilo,
Para ter momentos com a verdade,
Que só lhes dirão meu estilo.