EU APRENDO ENSINANDO
Eu espero nunca estar sozinho,
Para acordar e rever o meu ato,
Se discordo até de um vizinho,
Mas o certo eu sei pelo tato.
Tudo o que faço eu comento,
Como se não fosse eu mesmo,
Pois eu me desculpo ao tempo,
Se conflito o escopo do erro.
Sei que nem sempre tenho razão,
Mas também não sou um sufixo,
Quando derivo da luz e o perdão,
Pois na escuridão serei bicho.
Nas cavernas só tenho morcegos,
Mesmo quando se achegam os mocós,
Pois na sombra o sertão dorme cedo,
Pra enfrentar o sol de um Seridó.
Mais além, sobre os promontórios,
Vejo o mar e as marés que chegam,
Como chuva enchendo reservatórios,
E também dissecando o que pegam.
Do mar eu tenho até o bacalhau,
Pois dali tenho o sal e o peixe,
Como à noite eu tenho o bacurau,
E o luar que me nutre com feixes.
E, também, numa classe sou mestre,
Desde quando sou aluno e mentor,
Se aprendo ensinando o que acresce,
Com se houvesse serventia na dor.
Eu já disse por diversas vezes,
Que na alegria eu nada aprendo,
Pois a fantasia nos traz revezes,
E ao sofrer pela dor eu me rendo.