CAMINHOS COM OGUM
Ogum anda no mundo de estradas,
Onde vários já as percorreram,
Seja em campinas ensolaradas,
Ou de onde os bichos vieram.
Se saíram das lúgubres grutas,
Ou brotaram em meio ao deserto,
São caminhos de fé ou de lutas,
Onde Ogum rompe mato com ferro.
Desde a infância Ogum é a rota,
E quem vai se mostrando por atos,
Vai cuidando de veículos e rodas,
Vai cobrar por comida nos pratos.
Estudando e também trabalhando,
Buscando conhecer o mapa da lida,
Sem saber do que está desenhando,
Na estrada que tanto lhe convida.
Feito homem, vai conhecer Vitória,
E pela vila antiga viu seu oceano,
Subiu morros e templos de história,
Foi à Glória evocar Zeus e Urano.
Comer peixes e carnes, às vezes,
Com os temperos sem o seu costume,
Faz de Ogum companheiro de deuses,
E de quem for mais que vagalume.
No retorno a ser lar e enseada,
Come frito tudo que for de África,
Vai de caruru, vatapá e fritada,
Como se seu dendê fosse páprica.
Corre trechos buscando a gestão,
Pois Ogum é rei, além de guerreiro,
E quer paz, pois é de bom coração,
Mesmo quando ele vê um estrangeiro.
Vai vender ferramentas com rodas,
E depois vai cuidar das estradas,
Pois salvar nosso mundo de troças,
É um preceito de suas jornadas.
Socorrer, levantar ou cuidar,
Ser verdade contra as mentiras,
Faz os poemas de sangue e luar,
Como o mestre que nunca vacila.
Se Ogum não é logo compreendido,
Coma o sal com ele e seus feitos,
E assim, tu verás o que eu digo,
Como filho de um barco perfeito.