QUAL VEIO É PRECISO?
Eu almejo um dia estar no mar,
Como sua parte mais importante,
Mas a pergunta que jogo no ar,
É de qual rio serei a jusante.
A resposta requer a mansidão,
E saber qual veio é preciso,
Pois a água evapora do chão,
Se o Sol for Apolo e Narciso.
Estando em frente às montanhas,
O meu rio rebusca pelo desvio,
Pois não quer guerras insanas,
Mas a soma que aquece no frio.
O meu rio tem bons afluentes,
Como veios de água e de temas,
Traz no gozo, além de serpentes,
As cutias que brincam com emas.
Toda água que tenho em cântaros,
Vem de veios d'água e de sonhos,
Não irrigam somente os pântanos,
Mas as terras de seres humanos.
Ser alguém, bem mais que estátua,
Me exige ir além das florestas,
Como as aves da Ilha de Páscoa,
E seus blocos de pedras modestas.
Se eu for bem adiante de Antares,
Lá não sei quais serão meus rios,
Se vou ter água pelos altares,
Ou com ninfas sentirei calafrios.