DEIXE O SAPO VIVER
Na vida há vários tipos de dia,
Alguns alegres e outros tristes,
Há dias de silêncio ou melodias,
Enquanto o nosso sonho insiste.
Também temos dias de repulsa,
Onde os humanos se maltratam,
Não por fome ou medo que pulsa,
Mas por atos que ferem e matam.
Quando o homem aprende a ser mau,
Me lembro do sapo e do escorpião,
Pois o que sobra é nada, afinal,
E os dois morrem sem justa razão.
A alegação é que tudo é instinto,
Pois um só sabe usar seu ferrão,
Como um carrasco não vê o destino,
Que debocha do relevo de sua ação.
Fica, então, as razões da vida,
Que só quer continuar a existir,
Mesmo que seja o que nos valida,
Então, deixem o sapo viver e ir.
Tudo é tão simples e complicamos,
Sempre querendo se ver com razão,
Como se fossemos donos e humanos,
Mas somos só feras sem compaixão.
Matamos em nome de paz e futuro,
Mas nosso presente é dor e paixão,
Sangramos os porcos como impuros,
E deixamos morrer sem a transfusão.
Criamos as datas e dias de semana,
Fingimos ter paz em dias de natal,
Enquanto vivemos apenas da fama,
De ser quem salva, mas somos o mal.