A FÉ AGONIZA
Os homens perduram na selvageria,
Diferente dos bichos e insetos,
Porque eles só pensam em eugenia,
Sem entender de outros aspectos.
Sofrer como um pobre e coitado,
Me lembra de gueto e holocausto,
Mas fingir ser um pobre coitado,
Eu vejo nas guerras sem lastro.
Se me defendo talvez tenha razão,
Mas se tripudio eu sou carrasco,
E se eu torturo e mato um irmão,
Qual tribunal julgará esse fato?
Frente aos juízes a fé agoniza,
Pois cada juiz se acha um deus,
Como um chefe de tribo que dita,
Suas vontades a quem já morreu.
O mundo humano perdeu sua lógica,
Pois está seria nossa resistência,
Brigas seriam de loja contra loja,
Mas o comércio não mata a ciência.
O ser humano só quer explorar,
Fazendo escravo o seu semelhante,
Mas é errado mentir ou matar,
Ou torturar e dizer ser amante.
Há bem mais coisas no inconsciente,
E talvez devêssemos viver num divã,
Pois não é fácil lhes dar meu ciente,
Enquanto fores somente um leviatã.
Vivemos um momento de retrocessos,
Onde o negacionismo se quer impor,
Seja pelos cultos mais abjetos,
Que pregam que eu sofra com a dor.
Ganância, inveja, usura e sadismo,
Gravitam no seio dos imperialistas,
Que só colonizam com extrativismo,
E matam inocentes ou idealistas.
Matam a Ghandi, Joana e Giordano,
Como decapitam São João Batista,
Envenenam Sócrates e o ser humano,
Em nome de quem sua fé agoniza.
No final todos por aqui morrem,
Mas não é preciso ter velocidade,
Pois ser imortal nessa desordem,
Só simplesmente vivendo a idade.