SOMOS O ERRO
Devo ter sido abstraído por erro,
Desde quando eu nasci terráqueo,
Se aqui tudo ocorre de um medo,
Pois logo acaba em um fogo fátuo.
Nosso ciclo é curto e não dá tempo,
Pois os gênios e anjos são poucos,
E o que farta são palhas ao vento,
Calcinadas pelo ódio que é louco.
Eu queria ter nascido mais longe,
Em outro portal ou outra galáxia,
Ou curtido mais do meu horizonte,
Onde o corpo era adorno de praça.
Éramos flores e plantas calminhas,
E os insetos só nos cortejavam,
As abelhas colhiam como vizinhas,
Eram todos amigos que se adoravam.
Porém, um dia o portal se abriu,
E de lá expurgaram o bem e o mal,
Foi quando o mundo se descobriu,
Coberto de gente e não de animal.
Nós somos o vírus e a doença,
Nós somos o erro de um cálculo,
Pois vivemos sem ter paciência,
Mas o Cosmos não é um estábulo.
Nosso tempo vai passar rapidinho,
E por isso eu devo ser a semente,
Mas não posso destruir esse ninho,
Senão meu epíteto será a serpente.
Nós somos as serpentes da guerra,
E não respeitamos nossos irmãos,
Se matamos a possível vida eterna,
Usando a tortura como diversão.
Matamos em nome de quem não se mata,
Dizemos que é tudo vontade de Deus,
Desculpas de quem não sabe de nada,
E se acha inocente, mas é tão ateu.
Uma espécie não se auto-destrói,
Ela busca a eternidade e o futuro,
Mas se queremos o papel de herói,
Só a paz vai nos tirar do escuro
Chega de guerras como soluções,
Pois exército não planta nem cria,
Chega de vivermos só de ilusões,
Se achando xerifes em delegacias.