BAILE COM GENERAIS
Nossa vida é um baile de máscaras,
Desde quando saímos da infância,
Mas, agora, que tudo é desgraça,
Como faço após tanta arrogância.
O meu tempo não volta atrás,
Apesar do outrora de estrelas,
E a caverna não quero jamais,
Pois as Três Marias vou vê-las.
Quero um céu limpo de verão,
Pois estou cansado de inverno,
Mesmo que não sobeje emoção,
Em viver cada dia de inferno.
Me disseram que há esperança,
Desde quando os tiranos falecem,
Mas eu sofro na ponta da lança,
Tudo o quanto ninguém merece.
Vivi nesse baile com generais,
Descobrindo não ser felicidade,
Perdi diversos amigos leais,
Todos deixando a dor da saudade.
Os exércitos não são comensais,
E as mortes são seus relicários,
Que devotam a deuses infernais,
Tudo num modo de fiéis sicários.
Mas essa fidelidade é um mal,
Dedicado aos que amam o poder,
Que não entende o real, afinal,
E o que preciso pra sobreviver.
Se eu guardo comida e jornais,
Mais do que como ou possa ler,
Nada disso me leva ao bom cais,
E no abismo do mar vou morrer.