ENQUANTO ANDAVA
Quando nascíamos no tempo imemorial,
Tínhamos a busca incessante por teto,
Com o intelecto de só ser animal,
A viver as verdades de cada dialeto.
Se estivemos em África, e depois Ásia,
Se adentramos na Europa e no Cáucaso,
Não foi com a plumagem das águias,
Mas andando ou morrendo descalços.
Enquanto andava, construía naves,
Para estar ao mar e varar oceanos,
Mas um dia criamos as astronaves,
E os balões que levaram nossos anos.
Quando estou arraigado ao terreno,
Tenho a idade que a translação dá,
Mas se me desgarro do Nilo ou Reno,
Só entre as estrelas a idade será.
São as verdades de acordo ao solo,
Se é ácido, salino ou fertilizado,
Se a água recolhe e areja seu colo,
Ou a pele resseca e já é Finados.
Todos temos dias próprios de nascer,
Mas a morte celebramos todos juntos,
E nesse aguardo ninguém quer se ver,
Mas seremos todos cestos de juncos.
Não manteremos a água que vaza,
Nem beberemos as névoas do lago,
Se não aspiramos o gelo e a brasa,
Mas embriagamos até com um trago.
As mentiras queremos por verdades,
E as cantigas servem até na morte,
Mas eu prefiro meu chá nas tardes,
E as potestades dirão se há sorte.