APENAS UM GRÃO
As sereias se tornam humanas,
Mas uma diva não as conhece,
Se o mistério é numa cabana,
Ou mergulha no mar como prece.
Haviam ninfas nas ilhas gregas,
Como duendes em cada floresta,
E o amor tem poções em adegas,
Donde Baco transforma em festa.
Entre tudo que sonha o jovem,
Nada se compara a um senhor,
Pois um quer tudo que se move,
E o outro já pensa em louvor.
Os garotos só gostam de praia,
E os idosos desejam a varanda,
Onde acham o mel de mandaçaia,
E a mocidade é fogo em savana.
Com o tempo o fruto amadurece,
Se esse tempo chegar na cadência,
Mas se ele pecar enquanto cresce,
Pode ser que não haja vivência.
Hoje o mundo é mais de contrastes,
Pois alguém pode chegar aos cem,
Mas também pode vir com maldades,
Que propõem ir cedo ao além.
São descasos com droga e volúpia,
Como efeitos das razões afrontar,
Pois a menor de todas desculpas,
Sinaliza quem não sabe de amar.
Só almejamos futuro e verdade,
Se estamos conscientes do mal,
Com a certeza da temporalidade,
Pois nada é eterno se é fatal.
As dimensões é que são o segredo,
Mas nossos dias eu não compreendo,
Se nossa matéria é sorte ou medo,
E nem dura, se não mais aprendo.
Somos apenas fagulhas de fósforo,
Ou pequenos pedaços de um carvão,
E aqui ou pelo estreito do Bósforo,
Somos apenas fermento ou um grão.