SILÊNCIO SIMPLÓRIO
Silêncio e som são fenômenos,
Mas são humanos os segredos,
Que falam em silêncios amenos,
Ou se calam com os seus medos.
Já fomos somente as criaturas,
Mas, hoje, inferno em turbilhões,
Vivemos talvez só de loucuras,
Enquanto há guerras de paixões.
Domínio, tortura e melancolia,
Talvez aconteçam em ilusões,
Mas podem ser mais que agonia,
Quando se demonstram em ações.
No silêncio, somos tarde ou cedo,
Mas também nos tornamos verdades,
Somos mais sérios que arremedo,
Mas tememos a voz das saudades.
E tudo tem as mãos do divino,
Mas o tempo nunca será ócio,
Pois os corpos são nosso hino,
Que um dia nos pede divórcio.
As pessoas tentam sentir o silêncio,
E querem entender sobre estrelas,
Sonham sendo a razão e o compêndio,
Mas nem sabem como há de sê-las.
Eu sei apenas que sou como dragão,
Tão chinês, mas também fantástico,
E meus voos são mais que tradição,
Como a memória do gelo no ártico.
Tive asas como em lendas antigas,
Voei sobre os castelos e os lares,
Cuspi fogo junto com as cantigas,
Pelas ventanas de órion e antares.
Mas é no meu silêncio a resposta,
Como dores que não falam se choro,
Se não grito e nem faço apostas,
Pois um sábio tem modo simplório.