MORTE DA ESPERANÇA
Me vi em meio às dimensões,
Entre o passado e o futuro,
Percebendo as minhas versões,
Onde contrastam luz e escuro.
Todos nós começamos otimistas,
Sem conhecer de açúcar e sal,
Sem o ódio da mente fascista,
Ou o amor do mais puro animal.
Acordamos incapazes para tudo,
Na proposta da força crescente,
Descobrindo esse mundo adulto,
Que é a sequência do nascente.
Entre os sonhos tão necessários,
O olho se abre disposto ao gozo,
Com nossos sentidos tão vários,
Num caminho astral e leitoso.
Mas, em meio às nossas versões,
Tem quem queira ser competente,
Mesmo que não dominem estações,
E o fim se assemelhe ao poente.
É triste a morte da esperança,
Se não permitem nossa equidade,
Pois uns vivem só em festanças,
Onde outros morrem de verdade.
E tão desnuda é a fé moribunda,
Que tira a esperança até do poeta,
Desfolhando cada livro que afunda,
Mesmo quando o poeta é profeta.