O QUE NÃO QUEREMOS
As larvas que abundam no pântano,
E os sapos e rãs que ali coaxam,
São retratos de vida e recanto,
Pois assustam ou até separam.
Se for um dia normal e de sol,
Talvez seja sublime o encanto,
Mas se for noite sem cortisol,
Poderá ser a noite um espanto.
No encontro com a escuridão,
Tinhamos que ser pirilampos,
Ou poder suplantar a solidão,
E a falta de cores e santos.
Se um dia adentrar em um lago,
E achar um canal pro acreano,
Ninguém vai perceber que é vago,
Tudo que acreditei nesse plano.
Mesclar ambientes imaginários,
Como mundos de aliens ou monos,
É sonhar com Lucy no fraudário,
Com Jumanji, caudeus e troianos.
Nós vivemos o que não queremos,
Em nossos dias de modo ansioso,
Quando nada presta do que temos,
Se o do vizinho é mais valioso.
Quando o urso tem o olho grande,
E está a pescar os bons salmões,
Vai passar fome sem que eu mande,
Se escolher querer só camarões.
Nós devemos colher o que temos,
Sem ganância com o roça vizinha,
Pois há risco de lá ter venenos,
Ou até mesmo mais ervas daninhas.
Nós podemos plantar boas sombras,
Na porta de casa e pelos caminhos,
E assim nunca as noites assombram,
Pois o chão será só sem espinhos.