QUAL CAMINHO ANDAR
Se for capaz de voltar a enxergar,
Saberás que virá o sol ao alvorecer,
Sentirás o calor que irá te abraçar,
Como estrelas que guardam meu saber.
Pois estou pela névoa sobre o lago,
Como o zumbido da abelha nas flores,
E estarei no seu sonho em aguardo,
Porque não faltarão todas as cores.
Se disser para a sombra que espio,
O que devo ouvir para o seu consolo,
Servirei unguento à coruja no pio,
Pois serei a sina do uivo do lobo.
Vou querer sempre olhar nossa lua,
Se as nuvens não nos atrapalhar,
Pois enquanto estou solto na rua,
Ela nos diz qual caminho andar.
Mesmo que alguém se faça raposa,
E tente me perverter na escuridão,
Serei mais ter o amor da esposa,
Que viver da lascívia em porão.
Estes pensamentos sobre esbórnia,
São afetos a jovens e belicosos,
Mas se conflitam amor e discórdia,
Talvez devam rever os propósitos.
Ninguém vem para mais que semente,
Então devemos preparar cada solo,
Mesmo quando o não crer é demente,
Mas ser crente é premissa de colo.
Pois a vida é um lapso temporal,
Em que chegamos com retorno certo,
Muito embora haja a via natural,
Que alguns vão se dar por libertos.
Só não sei se haverá liberdade,
Na clausura da morte abreviada,
A não ser que venha a insanidade,
Nos trair como morte anunciada.
E não queira ser o dono da vida,
Pois esse atributo é só de Deus,
Mas tem quem seu nome nem diga,
E ele preza, mesmo sendo ateus.