MISTÉRIOS QUE GUARDO
A chuva não me diz se é lágrima,
Ou se traz alegria ou tristeza,
Mas a chuva às vezes é trágica,
Quando é a sede da natureza.
Há dias em que apagam os faróis,
E o mar chicoteia o lobo do mar,
Porque numa borrasca há heróis,
Que trazem o alimento pro lar.
Sexta-feira a sacola vem cheia,
São costumes dos fins de semana,
Se do cais vem o trigo e aveia,
E a baleia é sinal de esperança.
Uma jubarte é a nossa certeza,
De que o mar ainda está vivo,
Mesmo depois de tanta avareza,
Que a prosa não cabe no livro.
Fiz com arte meus alfarrábios,
Já meu corpo se curva de velho,
Pois não dei ouvidos aos sábios,
E serei esterco de escaravelhos.
Só espero ver o Sol renascer,
Após ter dormido pelas praças,
Se estive na lua até amanhecer,
Tudo pra ver a coruja na caça.
São esses mistérios que guardo,
Enquanto houver dilemas na vida,
Quando somos benvindos ou fardo,
Que a terra nem sempre convida.