LEMBRAR DE AGORA
Eu queria dizer do que sinto,
Mas esse dia me é tumular,
Pois foi nele um fato distinto,
Que matou-me sem me enterrar.
Coincidências na vida ocorrem,
Onde há dias de dor ou de júbilo,
E a dor não se deve a quem morre,
Como a festa é consolo ou culto.
Quem nasceu num século distinto,
Vai entender que tudo é rápido,
E não há mais receio do limbo,
Pois o caos já vem no contrato.
Vou querer desejar bem a quem,
Se cada vida buscar felicidade,
E se o dia for fruto de amém,
Ou da fé que leva à eternidade.
Vou lembrar de Hannah Arendt,
E o nexo da banalidade do mal,
Pois em toda vivência há saudade,
Mas nem tudo é chá-mate, afinal.
Nos embriagamos não só de álcool,
Mas de tudo que turva as mentes,
E nem toda assadura quer talco,
Mas no frio vai bem café quente.
E quem pensa em doces ou mel,
Muitas vezes só quer o fruto,
Que me dirá se o mundo é Babel,
Ou se falo com o céu até mudo.
Mas em cada julho de César,
Lembrarei que é um mês feminino,
Em louvor ao amor que não cessa,
Pois o colo nos faz ser menino.
Os dias de agora são verdades,
Dias de mãe, tia, irmã e mulher,
Pois tudo evoca paz e santidade,
Mas se ainda há maldade, evoé!!!