O PODER DE ESCREVER
Foi como escrevi que tu nasceu,
Seja tu um africano ou asiático,
Seja tu o aborígene ou europeu,
E vós deveis a meu eu midiático.
Se alguém inventou o avião,
Foi porque tornei-o público,
Senão a ferrugem em um galpão,
Elevaria os segredos ao cubo.
Quem conquista nunca é do bem,
Pois se torna dono e carrasco,
E só fala que antes é de ninguém,
E sofremos por seu beneplácito.
O invasor se diz dono de tudo,
Pois é dele o poder de escrever,
E ditar cada letra e estatuto,
E a história que vamos saber.
São nos exemplos desde o início,
Onde a culpa é da fera e o cupim,
Pois a besta humana é suplício,
Que o hospício lhe acha ruim.
Se há vírus no mundo é humano,
Pois somos imortais no caderno,
E ao lembrar do exemplo romano,
Vi que Cesar quis ser eterno.
Quando alguém se diz descendente,
Ele quer de todos a idolatria,
Ao romper a verdadeira corrente,
Que são ciclos de vida e de dia.
Não se conta o tempo pelo lugar,
Pois a viagem é sempre contínua,
Mesmo se houver pedra de lagar,
E eu amassar uvas com a língua.
O ser humano nasceu a esmo,
Em toda África e chegou aqui,
Mas foram levas de fogo aceso,
Que guiaram o meu povo tupi.
Quem vem primeiro é o dono,
Quem vem depois é o ladrão,
Assim foi o índio e o colono,
Pois a ganância tem eurovisão.
Nos primórdios o prazer é comida,
Com todo avanço trazendo miséria,
Porque queremos tudo nessa vida,
Mas vem a morte e nos desespera.
Como entender o nosso Universo,
Se enxergamos só o seu passado?
E sobre o amor que digo no verso,
Será que cabe vocês ao meu lado?
Sejamos bons uns com os outros,
Pois só é feliz quem doa e serve,
Deixemos o bom adubo nos brotos,
Para que a história nos preserve.