CONCEITOS DA ELITE
Nunca dancei entre confetes,
Pois a vida foi sempre dura,
Entre a escola ou os cheques,
Pois um banco quer o capital.
Naquele tempo sem suas tietes,
A televisão era preto e branco,
Onde a cena não tinha claquete,
E nem desnudava meu ser animal.
Tudo era um engodo de ianques,
Validando hambúrguer e cigarros,
Ou cenas de guerra com tanques,
E um faroeste matando navajos.
Sempre me diziam sermos jecas,
Ou Zé Carioca e baiano preguiça,
Mas eles comiam nossas moquecas,
Culpando a mulata pela malícia.
Aqui, quem for à macumba é ateu,
Pois Deus não deu alma ao preto,
E nem ao índio ou a cada plebeu,
Porque o céu desconhece o gueto.
São esses os conceitos da elite,
Perdulária com o suor dos pobres,
Pois os sociopatas nunca admitem,
Que se acham deuses ou nobres.
Bota de brasileiro só tem chulé,
Pois o pobre é nu ou sem fartura,
E só veste farrapos e anda a pé,
Pois o rico não admite a mistura.
E se o pobre demonstra ser capaz,
O rico lhe amordaça e tortura,
Dizendo que Coliseu ou Alcatraz,
É por culpa do pobre sem cultura.
Cultura de rico não salva nem cura,
Pois gozam com o ouro da servidão,
E vão morrer por viverem à procura,
De esbórnia ou de prostituição.