BUSQUEI, REVIREI, VIAJEI
Busquei ser algo mais na vida,
Muito mais que um João de Barro,
Construindo além de avenidas,
Um canto que não fosse bizarro.
Nesse canto eu contei estórias,
Fiz da prosa um modo de alegria,
Mesmo quando ferido e sem glórias,
Eu buscasse amparo ou nostalgia.
Revirei a história pelo avesso,
Revelando o que nunca disseram,
Vi Cleópatra ditando o seu preço,
Por querer ter o que não deram.
Vi romanos sendo escorraçados,
Por celtas e bárbaros de outrora,
Seja em Braga, Galícia ou Argos,
Pela Ibéria de azeite e amoras.
Vi os longevos impérios ruírem,
E até Roma se foi em mil anos,
Como vi lavas se prostituírem,
Queimando Pompéia e Herculano.
Estive além do tempo presente,
Vendo a fenda de Santo André,
E a fissura que hoje é recente,
Que rasga a África além de Gizé.
Viajei por mares e continentes,
Como também andei pela Pangéia,
Vi Prometeu envolto em correntes,
E conversei com Cronos e Réia.
Vi os titãs serem engolidos,
Mas vi Zeus cumprir profecia,
E libertar os demais umbigos,
Que se tornaram deuses um dia.
Esse é o meu imaginário ideal,
Desde quando cruzei dimensões,
E mesmo ao cruzar esse portal,
Num espaço com mais emoções.