TEMPO DE ROÇA E CASA GRANDE
Quando o inverno nos aconchega,
Tudo me lembra o tempo de roça,
O amendoim e a canjica na mesa,
E, no aconchego, prosas e troças.
Tinha aquele porquinho gordo,
E até mesmo a galinha caipira,
Ou mel de alambique e um bolo,
Ao ouvir o meu rádio de pilha.
Quando quero estar na natureza,
Ando léguas de além céu e mar,
Vou por baixo da água e da mesa,
Na certeza de não ser sonhar.
Nos caminhos eu vejo as cercas,
E os canários com os bem-te-vis,
Também acho veados às pencas,
Saltitando e olhando a perdiz.
Tem a hora de ver as seriemas,
Quando amanhece e vou de café,
Pois meu galo decanta os temas,
Que inspiram até capim-guiné.
E se o meu sítio for na caatinga,
Quero ter barriguda e um terreiro,
Quero rever no açude a jacutinga,
Pois um dia eu já fui cangaceiro.
Sou inquieto contra os coronéis,
Pois eu sei o que foi Casa Grande,
Vivo orando pelo fim dos quartéis,
Pois na paz a vida segue adiante.
Mas se ainda o mal me assedia,
Vou usar meu facão e um oitavado,
Vou dizer como ter uma alforria,
Guerreando por tudo que é lado.