FLORES E DIAS
Era um solo, era um jardim,
Bem em frente à imensidão,
E os astros se expandiram,
Tudo sendo experienciação.
Tive o colo, mas fui assim,
Tão pequeno, mas não um botão,
Fui a flor de todos os dias,
E tão meus, mas sem um irmão.
Eu cresci, mas não sou rei,
A não ser do meu carnaval,
Sou plebeu, até quando vaguei,
Pelas ruas ou na marginal.
Eu tentei ter valor e amor,
Mas nem sempre olharam pra mim,
Na cantina ou num elevador,
Ao olhar novamente o jardim.
Lá estava a flor dos meus dias,
A sonhar como os girassóis,
Que só querem somente alegrias,
De poder ver abelhas e o Sol.
E chega a hora do crepúsculo,
Noite fria e sem mais carinho,
E as pétalas caem e me ofusco,
Pois não sei qual o caminho.
Sinto o peso até do orvalho,
Como a carga do ódio e inveja,
Pois há quem quebra o galho,
E a minha flor já se entrega.
Foi só essa mensagem que vi,
Pois só isso me disse a flor,
Antes da última pétala cair,
E o fruto não ter mais sabor.