ROSTO E CORPO
No eterno podemos ser bastante,
Mas eu quero ter lua e estrela,
Sem o porque do giro incessante,
Que impulsa até mesmo a poeira.
Eu me lembro de ver furacões,
A girar como gira um corisco,
Só mudando o lugar das ações,
Um no mar e o outro no cisco.
Falaram sobre o esgoto no mar,
Quando há caranguejo no mangue,
E por isso eu fui questionar,
Qual motivo pra ódio e sangue.
Tudo que há tem modo e razão,
Como há tamanduás e formigas,
Um tem pouco pra cada milhão,
Mas os homens vivem de brigas.
Nossa história é mais surreal,
Quando temos inveja de alguém,
Pois devíamos ser mais animal,
E querer o que une e mantém.
Partilhar o lar e o alimento,
Nos motiva e nos faz confiante,
E a tolerância é bom sentimento,
Que nos garante seguir adiante.
Mas a ignorância é clássica,
Como se tivesse rosto e corpo,
Que, se tem herança jurássica,
É um lagarto e não um porco.