REFLEXÕES EXISTENCIAIS
Se estou num passado longínquo,
Ou pensando nos dias de ontem,
É bem fácil deprimir-se um pingo,
Quando a saudade nos consome.
Mas se estou ansioso por algo,
Tem a ver com o futuro possível,
Só não sei se a conta eu pago,
Se eu vivo num mundo invisível.
Só o que nos faltará é a paz,
Tão cobrada pelo meu presente,
Pois os deprimidos, meu rapaz,
Te querem ansioso e ausente.
E se estais tão sozinho agora,
Seria essa a real liberdade?
Já que podes fazer tua hora,
Mas, qual hora será de verdade?
A real liberdade é só solidão,
Pois não partilha as vontades,
Faz apenas com a própria razão,
E talvez não haja felicidade.
Se não percebemos onde estamos,
E nos convencem acerca das grades,
Se comemos só o que encontramos,
Numa prisão, só verão liberdade.
Liberdade ante o mundo externo,
Pois o medo domina as rotinas,
Faz o homem achar ser moderno,
Se perto da favela há piscinas.
Os humanos são seres pernósticos,
Mesmo sem conhecer onde vivem,
Apostando em seus prognósticos,
Sem saber que ninguém sobrevive.
Só seremos melhores sem a usura,
Nos satisfazendo sem devaneios,
Provando de tudo com compostura,
Vivendo o sábio caminho do meio.