MEU SILÊNCIO NA ÁGORA
Nenhuma vida entende o silêncio,
Se o coração palpita e pergunta,
Sobre quem vai quebrar o silêncio,
Que não tem corpo e não fecunda.
Fora do silêncio há gargantas,
Que sibilam em busca de ecos,
E se prostram a quem lhes cantas,
Sinfonias de tons tão corretos.
Mas não há mais ninguém a ouvir,
Porque já explodiram a estrela,
Que aguardava por um grão-vizir,
E lhes falta platéia pra vê-la.
Ninguém ouve além do passado,
Porque todo presente é silêncio,
Pela estrada do que foi falado,
E ouvir lhe requer algum senso.
Ecoar me requer ter a garganta,
Pra poder expelir o que sinto,
Ou até suspirar só meus mantras,
Pois na hipnose é que não minto.
Se quiserem meu silêncio agora,
Será mórbido silêncio do tempo,
Onde estarei absorto na ágora,
Sem fala, por não ter evento.