COBRA CORAL
Era mais um dia de labor e dor,
Circulando pela estrada da vida,
E nas margens não tinha trator,
Eram carros fora da avenida.
Tombamento tem sempre desculpa,
E quem lhe dá é o mau condutor,
Que reclama de assalto e multa,
Mas é louco ao volante ou pior.
Se ocorre assalto na estrada,
Sofre um justo ou até pecador,
Mas a multa pode ser evitada,
Se é pressa que bate o motor.
Ao buscar evitar os acidentes,
Ninguém deve andar distraído,
Nem lembrar quem estava ausente,
Pois em segundos somos fluídos.
Quando em viagem vemos cores,
E o preto & vermelho pode surgir,
Seja a coral por entre flores,
Ou só Exú no caminho a seguir.
Eu também gosto de rubro-negro,
Seja o Flamengo ou sangue na noite,
Desde que seja o pus que entrego,
Como o alívio que não seja açoite.
Uma estrela já vermelha é velha,
Mas sua vivência veio de etapas,
Com as cores da própria aquarela,
Como gases queimados nas lapas.
E a velhice vai no meio do caos,
Pra dizer como foi o bom vermelho,
Ao falar do veneno da cobra coral,
Que só mata quem lhe pede conselho.