FRONTEIRAS E TENTÁCULOS
O que seriam fronteiras e muros,
Se não houvessem meus obeliscos,
Pois é quando eu lhes esconjuro,
Pelas blasfêmias ante os ritos.
Ninguém tem os dons da verdade,
Mas querem estender tentáculos,
Querem ser um kraken e vaidade,
Que vão engolir meus vocábulos.
Mas eu sei de lugares e nações,
E também do vagar dos continentes,
Sei das placas com más direções,
Seduzindo a quem guarda e mente.
Hoje em dia não digo impropérios,
Porque defendemos as democracias,
Mas não escondam os seus impérios,
Pois não são quem dita os dias.
Querem nos fazer crer no diabo,
Mas eu sei que ele é caricatura,
Se o macaco sempre deixa o rabo,
Depois de compor travessuras.
E, no fim, um réquiem vão tocar,
Para os sóis regerem o féretro,
Pois serão modos de enlutar,
Todos que ainda estão ébrios.
Seguiremos então pelo tártaro,
Numa coleira ao lado de cérbero,
Sem olhar para o céu, pois é caro,
Mesmo sendo o lugar que eu quero.
Se não valho o ouro que guardo,
De que vale obtê-lo por lastro,
Pois cada desespero é um fardo,
Que riquezas não pagam o fausto.