OCASO DA ALEGRIA
Eu teimo em buscar ser alegre,
Mas há meus momentos de dores,
Pois tem mendigos sem albergue,
E o frio que chega sem flores.
Estou no ocaso da alegria,
E o meu semblante é cinzento,
Pois os dias são de agonia,
E meu sorriso é sangrento.
Estou semelhante ao meu cão,
Que está triste e na saudade,
Se nossa liberdade é ilusão,
Pra quem for livre de verdade.
Ter castigos sem os merecer,
Estar preso como sendo diabo,
Mas pensando em como morrer,
Se vencer pode ser um pecado.
São meandros em rios doentes,
Por causa dos males da inveja,
Ou seriam as dores de dentes,
No escuro ou às luzes de vela.
Só Caronte conhece as almas,
Que embarcam no rio infinito,
Onde o grito nunca se cala,
Mesmo orando a São Benedito.