SEMENTE OU SORTE
Recriaram os bonecos Pinóquios,
Como são quaisquer políticos,
E quando eles fazem um negócio,
Suspeito que não seja lícito.
Uma reforma de casa tem custo,
Sem sabermos qual o seu valor,
Porque orçam um preço injusto,
E o erário diz: Sim, Senhor!
Será que tem comissão o gestor,
Para poder me cobrar tão caro?
Ou será só o meu erro, doutor,
Se a conta não fecha, é claro!
A concorrência é compra e venda,
Mas no governo vem da licitação,
E se houver acordo na encomenda,
Quem ganha é o que dá comissão.
Tudo isso ocorre mundo afora,
Quem dirá num país baixo clero,
Onde o roubo que se tem agora,
É uma fichinha, até para cego.
Por aqui vendem até a amazônia,
Pois lotearam a mata atlântica,
Com o alario da arara risonha,
E o seguro da placa tectônica.
São resorts em plena enseada,
São refinarias vendidas barato,
São lençóis de óleo por nada,
Mas nos aviões vão os ratos.
Sei que um dia iremos vencer,
E o povo será finalmente feliz,
Mas o destino irá sempre dizer,
Que a vida é só por um triz.
Se os cometas errarem os rumos,
E as estrelas nutrirem o quasar,
As colisões serão nosso resumo,
E não seremos quem vai viajar.
Haverão outros seres melhores,
Pois o homem se vendeu à morte,
Sem saber o porquê das flores,
Ou querer ser semente e sorte.