QUEM PROCURA TER OURO
Tenho pena desses novos cristãos,
Seduzidos por apelos midiáticos,
E quem procura ter ouro e milhão,
Como fossem postais cinemáticos.
São ricos tonéis de salmouras,
De onde nutrem suas idiotices,
Acham graça até das masmorras,
E se divertem com canalhices.
Nascem todos em berço de ouro,
E não sabem porquê estão vivos,
Crêem que são dignos de louro,
Mas consomem sem o cultivo.
Se apropriam do suor das pessoas,
E acham graça ver o povo cansado,
Dizem que só eles dão vidas boas,
Aos servos em que fincam os cravos.
Se embebedam com uísque e vinho,
Mas não sabem se foi fermentado,
Nem viu roça de cana no caminho,
Pois vivem em aviões do Estado.
Estão tristes com quem convivem,
Mas não há graça em ser cruel,
Se o direito de todos que vivem,
Vem de Deus e é o nosso papel.
O teatro da vida é efêmero,
E o espetáculo é somente viver,
Como deixar na terra o fermento,
E o exemplo que deve permanecer.
Não há louvor numa vitória,
Pois vitória é saber conviver,
Tolerando as loucas histórias,
Que contamos para sobreviver.