O LAVRADOR E A ROÇA
O velho lavrador voltou ao campo,
Pegou sua enxada e sulcou a terra,
E com seu cavador rasgou o manto,
Para semear bem perto da cisterna.
O lugar é pequeno, chamado de roça,
Mas era a fazenda que tanto sonhou,
Vertendo água no açude e nas poças,
Podendo irrigar tudo que planejou.
Contou com a ajuda de um dos filhos,
E colocou as mudas de umbu e cajá,
E se divertia pelas roças de milho,
Ou quando a colheita foi maracujá.
Botou várias colméias de jitaís,
Lembrando de ter mandaçaia e uruçu,
Criou codornas e perdizes pra si,
Mas também cascavel e surucucu.
Numa parte do sítio era capineira,
Mas também havia a palma do gado,
Pois quis ter o leite e a manteiga,
E seu requeijão com café pingado.
Plantou o pomar e também a horta,
Para ter de tudo em sua cozinha,
E colhia as frutas para compotas,
Tendo verdura, feijões e farinha.
Deu sua voz à varanda da casa,
Pois lá declamava suas poesias,
E o filho tinha violão e tocava,
A festejar com amor e alegria.
Ali deixou o lugar do oratório,
E a Mãe inquirida cobriu de axé,
Assentou o seu orixá meritório,
Buscando paz e fartura com fé.