ESTRADA DE CAMAMU
Andar sobre um gelo nostálgico,
Nos traz lembranças pendentes,
Lembranças de tempos trágicos,
De fossos cheios de serpentes.
Contrastes nós vemos em tudo,
Seja no Ártico ou pelo Saara,
Mas o carro que vai sem empurro,
É meu fusca viajando sem água.
Eu já tive um fusquinha idoso,
Que foi o bom modelo sete três,
Desnudo de um conforto pomposo,
Mas que agradava a cada freguês.
Tinha o fusca com a tala larga,
Ou com seu capô de Rolls Royce,
E luz negra pra noite mais clara,
No lirismo da gripe sem tosse.
Era um carro de pobre lascado,
Mas no deserto era a salvação,
Porque trazia como resultado,
Não ter água em sua versão.
Viajando pelas vias de barro,
Me bastava meio freio de mão,
Pra suprir o deslize do carro,
E deixar para trás o ladrão.
Foi pela estrada de Camamu,
Quando o Sol já estava ausente,
E tinha ladrão como tem cururu,
Mas meu anjo se fazia presente.
Foi assim, percebendo o perigo,
Que cheguei em novo arraial,
Com suas luzes me dando abrigo,
Contra homens que eram do mal.
E cheguei ileso em minha casa,
Quando pude abraçar a família,
E levar a esperança por causa,
Sendo grato à fada da trilha.