TRILHAS DA TRIBO
Com a evolução veio as trilhas,
E o caminhar nos trouxe virtude,
E passamos a ter as matilhas,
Como apoio às nossas atitudes.
Sempre tivemos nossas tribos,
Mas nem sempre nos reconhecemos,
Por querermos ser os andarilhos,
A buscar o que não conhecemos.
E assim encontramos as rodas,
E a carroça virou carruagem,
Ao sair da caverna e da roça,
E buscar tudo com a coragem.
Foi por rodas que nos esgueiramos,
Pois andando ia durar muito tempo,
Como hoje nós singramos oceanos,
Ou voamos sobre nuvens e ventos.
Esse é o progresso com atraso,
Pois já não conhecemos vizinhos,
Nem sabemos se é alto ou raso,
Cada degrau que surge no caminho.
Quero sim, ser a voz da esquina,
E saber onde estão minhas tribos,
Mas olhar como ave de rapina,
Tendo a fertilidade de um esquilo.
Quero roer as nozes do campo,
Que caíram do alto das copas,
E ouvir sabiá com seu canto,
Semeando no mar com as focas.
Se não nascer a planta na terra,
Serei alga no fundo do oceano,
Mas serei o alimento e a capela,
Pois comer e orar me faz sano.
Na candura e cerne das tribos,
Eu encontro amores e carinhos,
Mas somos curiosos com o brilho,
Que o olhar nos revela com vinho.
Então vamos por roda na estrada,
E seguir com o nosso instinto,
Que nos faz enfrentar a jornada,
Mesmo se for tragédia ou destino.