MAR REVOLTO E SEREIAS
Sonhei com o mar e um barco,
Buscando os peixes no abismo,
Com arpões ao lado do casco,
E os botes buscando o perigo.
Era um alto mar já revolto,
Com a teimosia da borrasca,
E o barco tremia tão solto,
Como o cágado sem sua casca.
Que viagem! Eu diria a Netuno,
Mas os raios serviam de mapa,
A mostrar onde é mais fundo,
Ou sereias num canto que mata.
E quem cai na rede das ninfas,
Só escapa se houverem recifes,
Ou as ilhas com águas limpas,
Em que seja o rei ou artífice.
Pois ali erguerá o seu templo,
Onde possa se expressar pela fé,
E lembrar do dilúvio e do vento,
Pois nem sempre tem arca e Noé.