NO NORDESTE TEM FÉ
Nas dietas dos dias semanais,
Sexta-feira é o dia do peixe,
E até que não diga os jornais,
Lá não devo teimar no azeite.
Oxalá é do branco e da pomba,
E alguns orixás lhe diferem,
Uns são caçadores ou Matamba,
Mas Xangô é o fogo da série.
As comidas podem ser votivas,
Como as orações demonstram fé,
E as famílias ainda estão vivas,
Pelo amor, tolerância e o café.
Reunidos em torno das mesas,
Celebramos o amor e o perdão,
Com café, pão e sobremesas,
Com a manteiga e o requeijão.
No nordeste tem fé e tem aipim,
Como tem a abóbora e o inhambu,
Tem seus girassóis nos jardins,
E melancias com os pés de umbu.
Os cajueiros flertam as uruçus,
Mas também mandassaias e jitaís,
E nos açudes tem traíra e pacus,
Enquanto sabiás alegram quatis.
Mas ali também rezam com fé,
Pelas tradições dos rosários,
Como em novenas e altos de fé,
Que tem seus dias e horários.
Seis da tarde tem as ave-marias,
E há regra de jejum vez em quando,
E as romarias são por toda Bahia,
Seja na Lapa ou em Monte Santo.