POR FOGO AMIGO
Agora há pouco, o sono era sublime,
E as andorinhas falavam do verão,
Mas a tormenta forjava seu crime,
Que nem resistiu nesse sertão.
Me vejo sem farda e desnudo,
E estou sem diploma no quadro,
Por isso, meu bem, estou mudo,
E estou no caixão sem esquadro.
Fui fuzilado por fogo amigo,
Se é que eu tive sua amizade,
Desposto por verem um perigo,
De escravo querer liberdade.
Era ainda manhã sempre alerta,
Com as doenças tomando espaço,
E detrás da porta entreaberta,
Era um homicida em meus calos.
Ele disse que via a polícia,
Mesmo ela estando sem a farda,
Nessa droga que gera a malícia,
E depõe no que sobra de karma.
Se as estradas levam e trazem,
Será mesmo esse céu que mereço?
Não terá um portal ou viagem,
Que permita a vida pelo avesso?
Só, então, houve o grito do tiro,
Que suplica por mais que coragem,
Desde quando foi Tróia e não Tiro,
Tendo o mediterrâneo nas margens.
Se o amor foi pretexto da guerra,
Eu duvido, mas assim está escrito,
Mas nem sempre há nuvem na serra,
Pois essa vida não é um pirulito.
Quem sabe o meu corpo acorda,
E resgata a farda e os ritos,
Pois a ingratidão tá na corda,
Que enforca o homem e o grito.