PROFECIAS PELAS POESIAS
Chegarão os dias de orvalho,
Depois de tanta escuridão,
Onde o Caos deu seu baralho,
Mas em busca de ordenação.
Correrá o mel em riachos,
Como os rios têm embarcação,
Mas, no fim, é tudo que acho,
No ouro colhido num aluvião.
Entre as nuvens, verei os raios,
E as trombetas farão sinfonias,
Nas manhãs que virão com os galos,
A ciscar e dizer-nos: – Bom dia!
Também vão ecoar trovoadas,
E as seriemas andarão felizes,
Com regalos de suas pegadas,
Nas cantilenas de suas raízes.
Haverão mais cometas no ar,
Como os meteoros chegando,
Pois a Terra vai se mostrar,
Nos anjos de Deus modulando.
Serão acertadas as sintonias,
Como em rádio de canal exato,
Onde a vida nos dá alegrias,
Forjando o aprendiz mais lato.
Não serei eterno na carne,
Mas verei tudo lá pelo oráculo,
E virei sem ódio ou escárnio,
Pra dizer-vos em odes de mago.
Falarei o que quer o Universo,
Pois o tempo de Deus é macio,
Ele avança no verso e reverso,
Como um canto de bom desafio.
Profecias virão pelas poesias,
Pois não vale apenas discurso,
Como a luz que acende os dias,
E toda a vida percorre seu curso.