MEDO E LEÕES, SENDO AS RESES
Um planeta é como as cidades,
Que precisam dos transeuntes,
Senão morrem todas saudades,
Dos que vivem o seu presente.
Em nossa Terra escorrem águas,
Tão diferente de Vênus ou Marte,
Onde o viço foi cedo nas mágoas,
Se tornando só quadros de arte.
Mas nem tudo são flores e mel,
No flerte que atrai meteoros,
Talvez sendo um Guilherme Tell,
Ao flechar todas vidas no solo.
Vai e vem, há um novo começo,
Ou teremos somente nosso final,
Mesmo quando acredito no avesso,
E talvez haja um novo quintal.
Essa casa será mais que jardim,
Onde teremos os nossos ninhos,
Traduzindo o que aflora em mim,
Bem melhor do que andar sozinho.
Sozinho talvez esteja Plutão,
Excluído por humanos e deuses,
Transformado em planeta anão,
Para o gozo de seus fregueses.
Toda mesa de bar tem o chato,
Que agride a todos com vômito,
Sem saber qual grau correlato,
Do álcool e do louco platônico.
Somos todos pretensos ao erro,
Por nos acharmos como os deuses,
Mas eles são arquétipos do medo,
Se temos leões, sendo as reses.