NEM SEMPRE FOMOS POETAS
O poeta é o fermento dos pães,
Que se juntam ao vinho bendito,
E atesta o que são as versões,
Desse ser humano em conflito.
Ser poeta é sonhar transações,
Todas feitas em torno dos ritos,
E viver de uma vez seus verões,
Sendo cada versão dos conflitos.
Mas nem sempre fomos poetas,
Pois há dias de tola ilusão,
Onde achamos ser tudo festas,
Que findam sem qualquer razão.
E se um dia acordares poeta,
Aproveite esse dom da paixão,
Seja aquele que acorda na certa,
Pois quem dorme está no caixão.
Escrever nos impõe o verbo nu,
Sem colar ou pulseiras e anéis,
Sem as bragas de um nosferatu,
Mas na mesa, café com pastéis.
Misturando comida com sonhos,
Triturando castanha e cacau,
Celebrando os dias insanos,
Que à noite têm só bacurau.