NOS ACHAMOS MELHORES
Minha língua sibila sem parar,
Só não pensem ser algo ofídico,
Pois as cobras não sabem andar,
Mas o homem é sempre castigo.
Eu não sei qual a causa de errar,
Se é teima ou uma tola presunção,
Desde o dia que saímos do mar,
E fuçamos com as patas no chão.
Nos achamos melhores que todos,
Mas os ossos não nos deixam voar,
Ou nem mesmo ser como os botos,
Que são atores no rio e no mar.
Mas também não andamos no vácuo,
Que guarnece dragões e estrelas,
Se não somos os donos do espaço,
Nem a flora que vem das abelhas.
O equilíbrio que buscamos existe,
Mas a teima são nossas versões,
Quando somos quem ousa e insiste,
Em achar sempre termos razões.
E o mundo, que é feito de tempo,
Desmorona com os que não entendem,
Pois não sabem o porquê do vento,
Nem a razão das nuvens que mentem.
Nós só temos um sol e uma lua,
Mesmo quando o cosmo se exalta,
E por isso me deixo por ruas,
Onde até meu suspiro infarta.