TEMPO COM DATAS
Numa semana tenho sete dias,
Mas não sei porque tanta feira,
E foi quando pensei fantasias,
Se o domingo também é de feira.
Não são em todos lugares que vejo,
Mas o povo quer se reunir todo dia,
Pois em cada recanto ou vilarejo,
Tudo é jogo, encontro ou magia.
Nosso tempo se escreve com datas,
Mas o certo nesse mundo são eras,
E os ladrões, todos em concordatas,
A dizer: - Quem devora é a quimera!
Engraçado é o tempo no Cosmo,
E também noutros astros ou Sol,
Que nos dias do ano que gosto,
Vai ter festa ou só cortisol.
Mas se estou depressivo há anos,
É por saber que o corpo não levo,
Pois não posso ser um publicano,
Que se importa com o que renego.
Tudo aqui tem imposto que me rouba,
Isso digo, pois ninguém quer pagar,
Mas um ladrão de verdade me cobra,
Sem eu dar-lhe incentivo ou levar.
Quem roubou foi o denunciante,
Encobrindo os impróprios erros,
Pra manter seu poder lancinante,
Que me julga em meios aos berros.
Só lamento dizer para todos,
Que alguns já morreram de ódio,
Ou perderam poder para outros,
Com os rins parados por sódio.
Tudo ocorre, mas ainda estou vivo,
Reciclando os meus dias de dor,
Com as poesias que vos convido,
Na leitura que insurge do amor.